A Violência Ritualística na Idade do Ferro: Decapitações e Exibições na Península Ibérica

A Violência Ritualística na Idade do Ferro: Decapitações e Exibições na Península Ibérica

Durante a Idade do Ferro, a violência política se intensificou na região nordeste da Península Ibérica, levando ao surgimento de práticas macabras. Uma dessas tradições envolvia a exibição de cabeças decapitadas presas em paredes, um costume que se popularizou no século VI a.C. Para entender melhor essa prática, pesquisadores realizaram análises isotópicas em sete crânios, revelando informações sobre a origem das vítimas.

Esse período foi marcado por um aumento na territorialização e nos conflitos, como evidenciado pelo surgimento de assentamentos fortificados e pelo enterro de guerreiros ao lado de suas armas, frequentemente com ferimentos fatais. A presença de crânios decapitados tratados com substâncias como óleo de cedro sugere a existência de especialistas responsáveis pela sua preparação, indicando que a prática era recorrente.

As cabeças expostas geraram diversas interpretações sobre seu propósito. Três principais teorias foram propostas: algumas representariam inimigos ou indivíduos punidos, outras serviriam como oferendas em fossos de armazenamento, e um terceiro grupo, encontrado em espaços domésticos, poderia pertencer a figuras importantes da comunidade.

A análise dos crânios provenientes de Puig Castellar e Ullastret revelou diferenças significativas na origem das vítimas e no contexto de sua exibição. Em Puig Castellar, três dos quatro crânios pertenciam a indivíduos não locais e estavam expostos em áreas públicas, sugerindo que eram troféus de guerra. Já em Ullastret, duas cabeças eram de habitantes locais e estavam em espaços domésticos, possivelmente indicando uma forma de veneração a membros influentes da sociedade. O terceiro crânio, de um forasteiro, foi encontrado em uma cova, o que pode estar relacionado ao costume de armazenar cabeças de inimigos, uma prática conhecida entre os gauleses do sul da França.

Os pesquisadores concluíram que a decapitação não ocorria aleatoriamente, mas sim como parte de um conjunto complexo de rituais e demonstrações de poder. Em Puig Castellar, as cabeças expostas podiam simbolizar a força da comunidade e intimidar inimigos, enquanto em Ullastret, a prática parecia mais ligada à honra e veneração de figuras locais. Assim, o costume da decapitação, embora violento, desempenhava diferentes funções dentro das sociedades da época.

Fonte: IFLScience

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