Albert Einstein, vencedor do Prêmio Nobel de Física por seu estudo do efeito fotoelétrico e célebre pela teoria da relatividade, afirmou certa vez: "A alta estima que minha obra de vida recebe me deixa bastante desconfortável. Sinto-me compelido a pensar em mim mesmo como um impostor involuntário."
Apesar de suas contribuições extraordinárias para a física, Einstein pode ter experimentado a síndrome do impostor, uma sensação de inadequação em que a pessoa se sente uma fraude, enquanto acredita que os demais conquistaram seus feitos legitimamente.
Embora seja reconfortante saber que até mesmo Einstein tenha se sentido assim, outros vencedores do Nobel reagiram de maneira diferente ao reconhecimento de suas conquistas. Existe, inclusive, o termo "doença de Nobel" ou "Nobelite" para descrever as ideias excêntricas e não científicas que alguns laureados passaram a defender após receberem o prêmio.
Muitos vencedores do Nobel se afastaram de suas áreas de especialização e abraçaram crenças pseudocientíficas. Casos incluem cientistas que exploraram pesquisa psíquica, percepção extrassensorial e até histórias inusitadas, como a de um ganhador que afirmou ter sido visitado por um guaxinim verde brilhante e falante.
No livro Critical Thinking in Psychology, pesquisadores reuniram exemplos de laureados que adotaram ideias pseudocientíficas. Alguns abraçaram crenças controversas, como James Watson com suas afirmações infundadas sobre raça e inteligência, enquanto outros adotaram teorias mais excêntricas. Pierre Curie, por exemplo, envolveu-se com sessões espíritas, acreditando que o estudo do paranormal poderia trazer respostas sobre magnetismo. Charles Richet, ganhador do Nobel de Medicina em 1913, cunhou o termo "ectoplasma" para se referir a uma suposta substância emitida por médiuns, embora tais fenômenos tenham sido desmascarados como truques.
Casos mais recentes incluem Richard Smalley, que questionou a evolução, e Kary Mullis, vencedor do Nobel de Química em 1993, que expressou ceticismo sobre o papel do HIV na AIDS, além de relatar encontros com um guaxinim brilhante que se transformou em um golfinho.
Paul Nurse, outro vencedor, explicou que a pressão da mídia e de grupos externos contribui para essa tendência, colocando os laureados sob o holofote como especialistas em qualquer assunto. Em um artigo, ele aconselhou outros ganhadores a não saírem de suas áreas de expertise para evitar erros de julgamento.
Estudos sugerem que fatores como traços de personalidade, vieses cognitivos e a sensação de invulnerabilidade podem levar indivíduos altamente inteligentes a erros críticos. Embora fascinante, não há evidências concretas de que os ganhadores do Nobel sejam mais propensos a crenças pseudocientíficas. Isso reforça que, apesar de suas ideias excêntricas, a "doença de Nobel" não é uma condição real.
Fonte: IflScience
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